5 comunicadores fora do comum que inspiram minhas palestras!

Se tem uma pergunta que eu ouço frequentemente é: Quais são os palestrantes que mais te inspiram para falar em público?

Na primeira vez que ouvi essa pergunta, fiquei pensando muito tentando procurar quais são esses palestrantes e tive uma grande dificuldade para responder. Mas, hoje, eu sei a resposta e posso dá-la rapidamente:

NENHUM!

Isso mesmo… Eu não me inspiro em nenhum palestrante para fazer as minhas apresentações. E você também deve fazer a mesma coisa.

Fuja da inspiração dos grandes palestrantes.

Você, provavelmente, já deve ter ouvido muitos formadores de palestrantes dizendo que é preciso aprender com os que já se consagraram porque, se isso funciona bem pra eles, é bem provável que também funcione pra você.

Mas esse pode ser um dos maiores erros que você cometerá em sua carreira de palestrante.

Mesmo que sem querer, quando você começa a se inspirar em outros palestrantes, você copia seus trejeitos, suas formas de falar e, quando percebe, já está contando as mesmas histórias.

E uma das coisas mais importantes de um palestrante é sua personalidade. Seja um jeito de falar, o sotaque da região e até mesmo a linha raciocínio que ele constrói. Tudo isso faz parte da sua personalidade.

Por isso, eu resolvi listar cinco grandes comunicadores brasileiros, que não são palestrantes, mas que me inspiram nas palestras.

Vamos lá?

Valdemiro Santiago

Eu sempre ouço a mesma coisa quando cito o pastor Valdemiro Santiago como uma das minhas principais referências para palestras e comunicação. As pessoas sempre se espantam por ter um pastor na lista.

Então, vamos esquecer o lado religioso e as crenças que estão envolvidas. Vamos focar apenas no potencial de comunicação das pessoas que estão aqui. Beleza?

Uma das principais características é o rapport.

Valdemiro faz com que as pessoas se identifiquem e se enxerguem nele. E sabe como ele faz isso? Com duas coisas extremamente importantes.

A primeira delas é o potencial para contar histórias. Ele traz muitos relatos pessoais da época em que morava no campo e mostra que é igual às pessoas que estão ouvindo seu discurso.

A plateia se identifica com o Valdemiro. É por isso que ele consegue passar horas em frente à televisão.

Quando você ouve uma história interessante e que se identifica, você se aproxima muito do interlocutor. Se apaixona pelo que está falando e quer ouvir cada vez mais.

E o segundo ponto é que ele tem uma voz potente.

Seu discurso varia entre o popular e a austeridade, mas mesmo quando está contando algo mais popular, sua potência de voz é incrível.

Elke Maravilha

A Elke Maravilha é uma pessoa que sempre chamou a atenção por ser completamente diferente e ir na contramão de tudo que estamos esperando de alguém como ela.

Elke começou a carreira como modelo, mas traz padrões estéticos completamente diferentes do que era esperado de alguém na sua posição.

O seu jeito de falar olhando para as câmeras – no programa do Chacrinha e do Silvio Santos -, as roupas extravagantes e os cabelos extrovertidos mostravam que ali tinha algo especial.

Hoje, ela se tornou uma versão bem caricata de si mesma e choca algumas pessoas, mas era uma figura positivamente marcante em seu auge.

Quando eu comecei a palestrar, todos palestrantes subiam no palco de terno. Eu não. Eu era diferente e me destacava por isso. Tirei o terno e passei a usar apenas uma camisa.

Isso, hoje, é feito por muitos palestrantes, mas, na época, mostrava que eu vim pra ser diferente.

Além disso, a Elke sempre teve uma característica que é muito importante para o mundo dos palestrantes: sempre trazer uma mensagem positiva para quem está te ouvindo.

Datena

Be dá ibagens!

Essa frase nasal, que parece levemente gripada, já é um patrimônio da televisão brasileira, mas o mais incrível de tudo é que mesmo sem ibagens, Datena consegue segurar sua audiência firmemente.

Ele tem um potencial para cativar e prender audiência que poucos apresentadores conseguem. E os que conseguem estão seguindo o mesmo caminho e fazendo programas policiais.

Uma das primeiras coisas que consigo destacar no Datena é sua oratória que prende qualquer pessoa em frente à TV para ver nada muitas vezes.

Você tem ideia de quantos acidentes de moto acontecem diariamente em São Paulo? Isso nem é notícia mais nos grandes jornais porque a notícia precisa ser nova ou inesperada.

E acidentes de moto, infelizmente, se tornaram corriqueiros por aqui.

Mas o Datena consegue prender sua audiência por cerca de quarenta minutos com uma imagem de helicóptero, que não mostra nada, enquanto fala sobre um motoqueiro que se acidentou.

Se isso não é ser um excelente comunicador…

Ele conquista tudo isso de uma forma muito simples: traz um discurso popular e se mostra semelhante com o público do programa.

Diferente do Valdemiro, ele não se mostra semelhante na história pessoal, mas nos sentimentos. Xinga, passa mal, reclama do prefeito e tudo mais que um cidadão comum faz diante de uma situação indignante.

Silas Malafaia

Talvez, Malafaia seja a figura menos carismática e mais controvérsia dessa lista, mas ele tem uma característica muito marcante que todos palestrantes deveriam se inspirar.

Ele é um socrático completo.

Poucas pessoas sabem aplicar esse método tão bem quanto o Silas Malafaia. E ele faz isso justamente para expor às pessoas aos seus preceitos mais íntimos e deixá-las desnudas de padrões sociais.

Você pode não concordar com o que diz, mas tente assistir uma vídeo completo do Malafaia sem questionar apenas um dos seus próprios valores.

O método socrático leva as pessoas à reflexão de uma forma muito profunda e que questiona até mesmo os seus valores mais profundos e mais fiéis.

É um método bem simples, mas que poucos aplicam com a mesma maestria que o Malafaia.

Esse modelo consiste apenas em fazer perguntas simples, muitas vezes parecendo até bobas e fúteis, para expor os conceitos sobre o assunto que está falando. A principal ideia é levar a outra pessoa à contradição para que possa rever seus pensamentos.

No método socrático, você questiona alguns valores que são considerados naturais na sociedade, e que são repetidos algumas vezes de forma automática, com a proposta de te fazer deixar esse valor de lado e levar suas emoções e valores mais íntimos – não aqueles impostos socialmente – à risca.

E isso promove uma reflexão para que você pense sozinho, ao invés de pensar de acordo com o que lhe ensinaram anteriormente.

Assista qualquer vídeo do Malafaia e verá que maior parte do seu discurso é expor as contradições de quem está te ouvindo.

Hebe Camargo

A Hebe foi muito mais que um rosto bonito, ou uma graxinha, da televisão brasileira. Ela foi uma das pessoas que mais conseguiu conquistar o carinho das pessoas.

Ela nunca foi do estilo que usa muitas técnicas de comunicação para conquistar o seu público, mas conseguia despertar um dos gatilhos mentais mais importantes como ninguém: a reciprocidade.

Sempre que apresentava um convidado, entrevistado ou amigo, Hebe rasgava elogios e falava maravilhas sobre a pessoa que iria subir ao palco.

Isso inflava tanto a moral da pessoa, ela ficava tão bem para estar naquele lugar, que sentia-se obrigada em retribuir ao seu carinho.

Nas minhas palestras, eu sempre faço questão de agradecer e elogiar profundamente todas as pessoas que fazem uma participação. Isso faz com que elas queiram estar ali!

Mesmo quando alguém faz uma pergunta com a nítida intensão de ofender, levar à contradição ou sair por cima, você pode seguir o exemplo da Hebe. Essa pessoa vai até se arrepender do jeito que falou com você.

Fuja dos palestrantes…

Como eu falei logo no título deste artigo, eu queria falar sobre cinco comunicadores fora do comum que me inspiram todos os dias.

Eu poderia escrever sobre o Silvio Santos, Chacrinha, Steve Jobs, Obama e tantas outras personalidades, mas quis trazer alguns que, muitas vezes, não olhamos como grandes comunicadores.

E a principal dica que fica hoje é: fuja dos palestrantes!

Se você quer ser um comunicador de sucesso, procure pessoas que estão fazendo isso em outras mídias para se inspirar.